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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Toy (love) Story


        Madrugada de domingo e eu aqui no meu canto, todos os brinquedos aproveitam para se divertir, menos eu. Alguns minutos atrás, estive pensando no que meu amigo Buzz me disse ontem: - o amor vai ao infinito e além, chega a ser ofuscado determinadas vezes até enfraquecer mas não apaga quando é verdadeiro, continua em órbita, viaja em outras galáxias mas volta quando esse é seu destino! Palavras sensíveis para um durão patrulheiro do espaço, mas esqueço-me que todo mundo amou uma vez na vida, até os mais amargos e gélidos corações. 
       Quando as coisas chegam a esse ponto, de fechar seu coração aos sentimentos, infelizmente significa que você já sofreu demais e se cansou, entretanto, considero isso uma atitude fraca afinal o sentimento serve para ensinar mesmo que machuque, sempre há algo bom para se guardar do mais profundo caos. Nada é em vão e não devemos sentir medo de algo tão bonito. Outros bonecos por ai diriam que estou falando besteira afinal somos seres inanimados, sem órgãos nem sentimentos, mas isso é mentira! 
        Me digam uma coisa queridos colegas, quem de vocês pode me provar isso? Não foi você Barbie que mês passado me pediu conselhos sobre triângulo amoroso? E você Ken? Me disse que é homossexual mas tem medo de assumir isso por causa da fama de casal perfeito que rende milhões a você e a patricinha loira. Enfim, eu ainda acho que ela deveria investir no Max Steel e esquecer o dinheiro um pouco, assim todo mundo sairia feliz né? Sendo sincera, vocês apenas tentam acreditar que não sentem nada, por que não querem sentir. 
       Pois bem, eu sou um poço de sentimentos e fragilidade. Isso não é novidade pra ninguém, quero falar então de mim Jessie e de um cowboy que não está mais aqui, pelo menos não em corpo, mas toda sua essência ainda está em mim.
        Nos conhecemos em um momento difícil na minha vida, quando minha dona Amy se tornou adolescente e decidiu que não devia mais brincar de boneca, então me abandonou na doação, me senti péssima, mas logo consegui encontrar amigos como eu. Fui bem aceita entre os brinquedos do Andy e dentre eles havia o líder Woody, aquele que sempre me ouviu, quem eu sempre irritava e quem me fez bem desde a primeira vez que o vi. 
        Ah como eu lembro de seu olhar! Posso dizer que ele é um homem muito atraente, tem seu carisma e sabe como conseguir o que quer, além de ter uma ótima visão sobre o mundo. Não demorou muito para que nos apaixonássemos. Mais tarde começamos a experimentar uma sensação inédita onde nem a palavra felicidade cabia, era mais que isso. Fizemos nosso papel como brinquedos na vida que tínhamos, porém nas horas livres - nossas horas - era ainda mais divertido! Brincávamos de amar, chorar de rir, querer, sentir. Uma eterna e doce brincadeira. Mesmo com momentos difíceis e desagradáveis, no fim do dia tudo que desejávamos era sermos guardados um ao lado do outro. Compartilhamos nossos manuais e sabíamos de tudo a nosso respeito, parecia até que fomos fabricados no mesmo lugar. Ninguém sabe, mas o Woody não tem nada de caipira, a noite o que ele ama ouvir é um bom e velho rock'n roll,  o resto é marketing que ele precisa manter.
        Como toda história tem seu fim, seja ele qual for, a nossa foi interrompida. Ele disse que ia tirar férias, se cansou. Desde então não sei mais o que fazer para continuar divertindo as crianças, estou sendo condenada a ir para o conserto ou pior: o lixo. Acham que estou quebrada por estar sempre triste, dizem que eu posso ter ultrapassado o prazo de validade. Minha sorte é ainda acreditar no nobre coração e na força que não imaginava caber aqui dentro. Por mais confusos me pareçam todos os fatos e acasos ainda estou aqui junto dos outros brinquedos, resistindo ao abandono dos nossos donos. IIIRRÁ!!
        Tudo que eu quero agora, querido Woody, é que você esteja feliz! Conheça todo esse mundo afora, mas jamais se esqueça dessa boneca que antes brincava de amar e agora brinca de esquecer.  








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